18.12.07

Insólito

No pó da janela virada a sul por entra sol para as escadas do edifício onde trabalho alguém desenhou isto.
Para quem nao sabe, trabalho numa séria empresa farmacêutica internacional.
Delicioso :)

16.12.07

E digo-vos

porque acho que isto se está a tornar sério: a minha senhoria está a aspirar, embora o casaco e o cachecol continuem pendurados a entrada. Só pode ser amor.

O dono

do sobretudo azul escuro de boa lã e do cachecol forrado a seda que estao pendurados há uma semana na entrada deve ser o novo namorado da minha senhoria.

13.12.07

Le fabuleux destin d'Amelie Poulain

Estive a rever...
Ainda estou a flutuar.

O que para aí vai...

Agradeco à vizinha Branca a publicacao da crónica do António Barreto, no Público de 25 de Novembro de 2007, que nao me tinha chegado aqui.

Nao embarco nas discussoes hippies anti-globalizacao. (Nem poderia, eu que a vivo.) Acho que (1) a globalizacao um facto assumido, virar-lhe as costas é como enfiar a cabeca na areia. E (2) como em muitas outras coisas, acredito que seja possível aproveitar o lado positivo aceitando algum lado negativo que daí venha (a isto se chama fazer compromissos). Tudo bem que, geralmente falando, a mudanca deve trazer um balanco positivo. Mas querer que a mudanca nao implique compromisso é naïf. E rejeitar a mudanca a todo o custo é, mais uma vez, enfiar a cabeca na areia.

E sou pró-Europa. O problema, que nao me apetece discutir, é a incompetência dos habitantes daquele nosso Olimpo Europeu, que leva à sua total descredibilizacao. Nao acredito que, na Europa, a globalizacao, neste caso de motor (também) político, leve necessariamente à uniformizacao. Para isso, o motor capitalista é mais efectivo que o motor político. O que sinto, isso sim, é que este motor político leva, na sua face positiva, ao encontro dos povos da Europa. E que, quando nos encontramos, chegamos à conclusao que temos semelhancas e diferencas. E que, como seria de esperar, dada a história que partilhamos, temos mais semelhancas do que diferencas. As diferencas resumem-se às línguas e algum folclore. Mais importante que isso, os sonhos, as maneiras de ver o mundo e os valores de pessoas da minha geracao de vários países europeus coincidem. Acredito, isso sim, que a globalizacao reaviva singularidades culturais, bons nacionalismos e que trás com ela uma curiosidade muito saudável do europeu pela sua própria cultura e pelas culturas vizinhas.

Ao almoco, dois portugueses, um francês, um turco e um georgiano discutíamos isto mesmo. Em Franca nao há cá cantigas. Venha quem vier, que o foie-gras e outras iguarias de obtencao ou confeccao mais ou menos discutível nao hao-de faltar na mesa. E o francês dizia-nos que para isso o estado francês paga à UE uma taxa (perdoem-me a ignorância, mas como se chamará essa taxa? Será Taxa de Prevaricacao). Ora que curioso… As leis fazem-nas eles e os alemaes, mas nem uns nem outros as aplicam. Nao… isso é para o tótó do portugues que diz sim senhor a tudo (maldita ditadura de já lá vao 30 anos!) porque, entre outras coisas, nao tem dinheiro para pagar a tal taxa.

Porque as novas medidas de higiene e seguranca alimentar da ASAE sao inaceitáveis para qualquer país, assinemos todos a peticao online. É o mínimo que podemos fazer!

Palavras

desmazelo. Que desmazelo de casa! ou Estás a tornar-te uma desmazelada, mulher... ou És um desmazelado.

chiqueiro. Que chiqueiro vem a ser este!?

bordel. Equivalente francês a chiqueiro. Daí lá em casa a versao What is this bordel?

6.12.07

Advento em Arheilgen

Por baixo, a senhoria festeja o dia de São Nicolau (hoje) com as amigas (enfermeiredo). Chamou-me para tirar uma fotografia do grupo. Sete mulheres todas vestidas mais ou menos sexy de Pai ou Mãe Natal a comer, a beber, e a rir, a ir muito! Decoração a condizer. A minha senhoria tem um estilo corações cor-de-rosa sem ser kitsch que é muito engraçado. Apesar de não gostar especialmente do estilo, que acho um bocado enjoativo, nunca me choca e nunca deixo de achar graça à coerência e ao aspecto descaradamente hiper-cuidado. Com ela, decoração e toilette nunca menos do que o óptimo e, como ela diz, "nunca se está arranjado demais".

5.12.07

Dyospiros kaki

nunca gostei de diospiros. E diospiros ou se gosta ou nao se gosta, nao há meios termos. Mas aqui os diospiros sao diferentes. Primeiro, chamam-se kaki. E depois, a consistência é dura e o sabor mais doce. Quando descobri este fruto, num pequeno almoco de Natal aqui no departamento, nao percebi logo o parentesco. Mas agora descobri aqui que :
  • os diospiros sao originários da China (gostava de saber se se cultivam noutros países da Europa ou se é só em Portugal...)
  • há centenas (ou milhares) de tipos de diospiros que se dividem em dois grandes grupos: taninosos e nao-taninosos
  • diospiros taninosos sao os que conheco de Portugal: cor vermelha, sabor adstringente (devido aos taninos) e polpa muito mole
  • diospiros nao-taninosos sao os que se vendem aqui no supermercado, com o nome de kaki: cor amarela, muito doces e muito menos adstringentes e polpa firme

Just for you, Zeynep

I wanted to tell you about my friend Zeynep. I could just write Z., but the name is beautiful and it deserves to take part in the story. Zeynep is Turkish; she arrived in Darmstadt a couple of months after me. We met in a Praktikantentreff on the top of the Hundertwasser building. Back then, I had to ask her to write her name down, so that I could get it. Since that summer day 2 years ago we are friends and, here in Darmstadt, Zeynep is the first friend I had. This gives her the special status of old friends that, it seems, were always there. She already saw my future in a cup of Turkish coffee and when I show up at the end of the day at her place, I hardly go out without having a cup of tea, or bringing some cake or chocolate home. Turkish hospitality. Mediterranean culture.

At the end of the internship she did at Merck, Zeynep did not want to go back home in Turkey. We did not talk a lot about why she took this decision; I guess she imagined herself suffocating in Turkey. Having finished her chemistry degree with the internship at Merck, Zeynep lost also the student status and her residence permit. From what I learned until now about visas:



  • Being a student, you can get a residence permit, which gives you the right to study and do curricular internships. Voluntary internships are not allowed and neither is working

  • To work, you need a work permit. As non-EU citizen, this is the first question you are asked from the employer when you apply for a job. Question: how can you get a work permit??? Answer: you just have to show the German immigration services a work contract. Yes, the same one you cannot get without a work permit!

  • There is only one way (as far as I know) to break this cycle: finding an employer that loves you so much he is ready to hire you without a work permit. As you can imagine, these people are very rare. Why would you hire someone without a work permit when you have still 10 people queuing to have the job?

Zeynep soon understood it would be very hard to find the prince charming employer. Being Turkish and hardly speaking German (at the time) would not be of great help. She picked the first choice: student visa. For almost a year, Zeynep did a German intensive course in the Goethe Institute in Frankfurt. After that, she decided to take an MBA (she always found marketing or management more interesting than chemistry. But, one again, it would not be easy: for the academic MBA, her chemistry degree was not enough to fulfil the pre-requisites; for the executive one she is too young and does not have the required 3 years of professional experience. Besides, to engage an executive MBA, you need to have a job. Anyway, none of this hinder her! She gets a well-paid job as student worker at Merck, with which she gets the work permit. This job is enough to engage the MBA and somehow she also overcomes the problem of the 3 years professional experience. She started the MBA this year, which means having classes in the evening after work and on Saturdays. She finds also time to give private lessons of English, Maths and Chemistry. At work, she was offered a new contract for the end of the MBA.


Zeynep could not be happier when she feels that bit-by-bit she finds her place where she chose to live but where things were never easy. I admire Zeynep a lot; she never gave up in face of a closed door and, many times, opened new ways where there was not even a door.


Zeynep doesn't speak portuguese yet.

Zeynep

Queria contar-vos da minha amiga Zeynep. Poderia ficar-me por Z., mas acho que o nome e bonito e merece entrar na estória. A Zeynep é turca e chegou a Darmstadt só uns meses depois de mim. Conhecemo-nos num Praktikantentreff no topo do prédio do Hundertwasser em Darmstadt, onde lhe tive que pedir para escrever o seu nome num papel para que eu percebesse. Desde esse dia no Verao de há 2 anos que somos amigas e aqui em Darmstadt a Zeynep é a minha amiga mais antiga, o que lhe dá aquele estatuto especial dos amigos antigos que parece que existiram sempre. A Zeynep já me leu o futuro no café turco. Quando apareco em casa dela ao fim do dia sem avisar, nunca consigo sair sem antes pelo menos beber chá. A maior parte das vezes também nao me escapo às fatias de bolo ou chocolates que ela insiste que eu leve para casa. Hospitalidade turca, cultura mediterrânica.

No fim do estagio que fez na Merck, a Zeynep nao quis voltar para a Turquia. Nunca falámos muito sobre os porquês desta decisao, mas desconfio que ela se imaginasse a sufocar na Turquia. Mas, tendo concluído o curso de química com o estágio curricular que fez na Merck, perdeu o estatuto de estudante que lhe dava o visto de residência na Alemanha e a possibilidade de ser estagiária. O que percebi até agora da embrulhada dos vistos:

  • sendo estudante obtem-se visto de residência, que permite estudar e fazer estágios curriculares, mas nao trabalhar ou fazer estágios voluntários

  • para trabalhar é preciso visto de trabalho. Isso é logo a primeira pergunta que um candidate (nao-EU) ouve. Ora, como é que se pode obter visto de trabalho??? Fácil: basta mostrar ao equivalente alemao do SEF um contrato de trabalho! Sim, aquele mesmo contrato de trabalho que nao se obtém sem visto de trabalho!

  • a única maneira de quebrar este ciclo é encontrar um empregador que esteja disposto a contratar alguém ainda sem visto de trabalho. Fácil de imaginar, estas pessoas nao existem aos pontapés. Porquê contratar alguém sem visto quando há 10 outros com visto a concorrer ao mesmo lugar?

A Zeynep, turca e com um alemao mal arranhado de 6 meses na Alemanha, cedo percebeu que as hipóteses de encontrar esse empregador dos seus sonhos eram muito reduzidas. Entao, escolheu a primeira hipótese: visto de estudante. Fez quase durante 1 ano de curso intensivo de alemao no Goethe Institut em Frankfurt. Depois deste ano, já a falar alemao, decidiu fazer um MBA (sempre lhe interessou mais marketing ou gestao que química). Aqui, outro pau de dois bicos: para o MBA académico, uma licenciatura em química nao preenche os pré-requisitos; para o executive MBA, a Zeynep é nova demais e falta-lhe experiência professional. Além disto, um pré-requisito do executive MBA é que a pessoa trabalhe (outro bico: três). Mas a Zeynep nao se deixa atrapalhar. Consegue um lugar de trabalhadora-estudante na Merck (muito bem pagos), com o qual resolve o problema do visto de trabalho. Este emprego é suficiente para o MBA que comecou este ano lectivo e que lhe deixa muito pouco tempo: aulas a noite e ao sábado de manha. Além disto ainda dá explicacoes de ingles, matemática e química. No trabalho já lhe prometeram novo contrato para quando acabar o MBA.

A Zeynep nao podia andar mais contente, quando sente que pouco a pouco vai encontrando o seu lugar no sítio que ela escolheu para viver mas onde nunca lhe facilitaram a vida. Admiro muito a Zeynep, que nunca cruzou os bracos em frente a uma porta fechada e que muitas vezes, as portas que precisou, abriu-as ela mesma!

28.11.07

A Curva da Estrada

Querida Cachana,
quando tiveres tempo, lê este blog.
Beijinhos,
mana Leonor

O Joao do blog

Nas preparaçoes da noite antes de partir para Marrocos, descobri o blog do Joao. Excelente, em estrutura e conteudos. Foi la que descobri a referencia do excelente hammam que fizémos. Marquei ainda antes de irmos para segunda feira, as 9h. Pela primeira vez fizémos um caminho pela medina sem nos enganarmos (ajudados pela calma da manha, ainda nao ha muita gente na rua e os bazares estao fechados) e tocamos a porta indicada a hora certa. Falamos com a Mathilde que nao estava a nossa espera porque nunca ninguém da com aquilo. Quando disse que era portuguesa; abriu muito os olhos e perguntou-me se conhecia o Joao do blog. Disse que nao, que tinha descoberto o blog por acaso. Grande coincidência, ou nao: o Joao estava la mas nao o encontramos. O que é engracado é que todas as pessoas que conhecemos a volta do Joao (o Simô, a Samira, a Mathilde, a marroquina da esfrega) eram tao simpaticas que no fim ficamos com a impressao de ja conhecer o Joao e de gostar dele.

Marrocos

Porque aqui o Inverno é duro e longo, os dias em Marraqueche nao podiam ter sido melhores.

Quando se percebe que a maior parte das pessoas que falam connosco na rua nao estao a tentar vender ou roubar, é que se comeca a absorver Marrocos com todos os sentidos:

...com os olhos as cores fortes da terra, do céu, dos bazares, dos azulejos, os picos do Atlas cobertos de neve na linha do horizonte
...com o nariz a hortela pimenta, que cheira no meio da rua ao pé dos vendedores e deliciosamente tambem antes de beber o cha, e um cheiro que nao sei de que era mas que me fez lembrar alheiras doces... um daqueles cheiros intemporais que tenho guardados e que, quando activado, me transporta para casa
...com a boca, e depois de 2 semanas a purés variados, foi a orgia total. O melhor: os panachés (sumos de fruta variados com ou sem leite), melhor de todos foi o de abacate, divinal
...com os ouvidos os chamamentos das mesquitas, dos quais o melhor o da alvorada (por volta das 5h) ouvido naquele limbo chamado modorra entre o sono e o despertar, os silencios dentro dos riads, casas marroquinas viradas para dentro e para um pateo interior (como um claustro)
...com o tacto a pele macia depois do Hammam que fizemos em que uma marroquina dos seus 50 anos, que nao falava mais frances do que eu arabe, nos esfregou dos pés a cabeca como uma mae

Tudo isto foi mesmo maravilhoso, honestamente, so depois do choque cultural ter passado. Dois loiros vindos do norte da Europa aterrados na Medina de Marraqueche nem sempre sabem as quantas andam ou até se sera boa ideia tirar o guia da mochila. A minha loirice é geograficamente dependente mas, em Marrocos eu sou, definitivamente, loira. So me lembrava de "nao olhes para todo o lado, faz de conta que és daqui". Na Alemanha ninguém se fala no meio da rua e em Portugal, tirando Monchite, tenho impressao que ainda menos. Estamos todos ocupados a dar-nos ares. No primeiro dia nao sabiamos mesmo como reagir as pessoas que metem conversa no meio da rua, por medo. No fim nao queriamos vir embora e deixar aquelas pessoas abertas, sinceras e conversadoras e muito menos os miudos do sorriso:
- Bonjour Madame, ça va?
- Bonjour! ça va, et toi?
(Sorriso)

So queria contar mais uma coisinha, que isto ja vai longo. Numa das deambulaçoes meio conscientes meio perdidas passamos a frente de uma escola em pleno fim das aulas da manha. Os miudos sairam a correr e atacaram, literalmente, os vendedores de doces em frente a escola. Olhamos um para o outro a rir e dissémos: - Isto é igual em todo o mundo!

Viva a Y!!

E o Pedro que ma enviou!
Este fim de semana vamos a Thionville visitar o Mathis outra vez (ai os instintos maternais). Na passagem obrigatoria por "La Fnac", como diz o Francois, vou procurar este livro.
Encomendas para o Natal?

27.11.07

notas de viagem

Marraqueche



"Um homem apressado, ja esta morto" (provérbio marroquino)

20.11.07

OBRIGADA PEDRO

Recebemos uma enorme caixa de cartao que continha: castanhas, jerupiga, tremoços, atum bom petisco, sardinhas em lata, pastilhas gorila, pastilhas super gorila, linguiças, chouriços de barrancos e de arganil, figos secos, muitos jornais e revistas.

Pena que nao estejas ca para a partilha, Pedro! Muito muito obrigada!

Esta noite acho que vou ter mais sonhos bons!!!!

Sonho bom

Estava num grande banquete com muita gente conhecida. Era em mesas corridas. Foram servidas grandes travessas cheias de esparguete de varias maneiras. Tinha um aspecto delicioso. La no meio havia um microondas e as pessoas comecaram a atirar a esparguete para dentro do microondas sem prato nem nada. Enchiam o microondas de esparguete e faziam pressao para fechar a porta. Mais ao lado havia um toro de madeira em que outros punham esparguete para a esborrachar com um maço.

Acordei-me a mim e ao Francois a rir a gargalhada. Acho que me ria da maneira como as pessoas se comportavam mas tambem me ria de felicidade por todas estas travessas cheias de esparguete. Ria de prazer, ria de luxuria!

Ha uma semana que so como puré (de batata, de cenoura, de banana, de maca) e nao me perguntem porque mas sonho (até acordada) com esparguete!

Nao tenho aparecido

...porque o meu sistema imunitario esta em luta. Neste momento e uma luta contra relogio porque no sabado de madrugada vamos para Marraqueche e eu preferia deixar as bacterias para tras...

E possivel que a qualidade ortografica dos textos tenda a piorar porque o meu querido computador foi substituido pelo do François que, como seria de esperar, tem um teclado frances... e um teclado frances é das piores coisas que vos pode aparecer pela frente!

15.11.07

Paroles de Sourds

Uma colecção de testemunhos de surdos que ajuda a perceber como e ser surdo num mundo de ouvintes.

Primeira neve

Começou por cair granizo. Ja o granizo tinha derretido, apareceram os primeiros flocos. Ao principio muito pequenos, quase invisiveis. Hoje de manha acordamos assim:


Ainda e pouquinha... mas e benvinda! Mal posso esperar por acordarmos no Mundo do Silêncio. O Mundo do Silêncio aparece quando ha um manto grosso o suficiente aue abafa todos os sons. E mesmo como estar num mundo novo. Por agora ainda nao esta frio suficiente (estao 5 a 10° gurante o dia) e hoje fez sol.

6.11.07

Reality-TV em Alemao ou a Aprendizagem da Tolerância


"Willkommen in der Nachbarschaft" (Benvindos à vizinhanca)

5 famílias competem por uma casa nos arredores de Berlim. Cada família vive na casa durante uma semana e no fim a decisao é tomada pela vizinhanca.

As 5 famílias nao sao famílias "normais". Claro que os extremos atraem sempre mais audiências e blablabla. Talvez me chamem naif, mas eu vejo aqui sobretudo um ensaio sobre a tolerância.

Família 1: um guineense com as suas 2 mulheres (uma alema, outra africana) e os 6 filhos conjuntos

Família 2: uma WG (comunidade de residência) Punk

Família 3: dois casais e uma data de animais domésticos, entre eles caes de luta

Família 4: Um transsexual, sua mulher e o filho de ambos

Famíla 5: grande família palestiniana em que todas as mulheres cobrem a cabeca.

Parece que ganhou a família quatro. Eu estava pelos africanos (ou pelos palestinianos). Teria a maior dificuldade em suportar (ou encontrar afinidades) com a família dos caes.
A descricao “poetic horror film” é a que lhe assenta melhor. As imagens e a história sao, de facto poéticas. E, ao mesmo tempo, surreais, macabras, altamente perturbadoras. O realizador, Terry Gilliam acredita que algumas pessoas vao adorar o filme, outras vao detestar e outras nao vao saber o que pensar dele. Uma coisa é certa, é difícil ficar indiferente. As histórias e as personagens nao se esquecem.

Eu tenho uma memória fraca (ou melhor, selectiva?) e sei que quando uma história fica tanto tempo, ou quando me continuo a preocupar com as personagens tanto tempo depois… quase como se tivesse saudades delas… é bom sinal! Quando acabei de ver Tideland, achei-o horrível. Agora, acho-o poético, lindo.

5.11.07

Instintos Maternais

O Mathis tem 15 dias, é filho do melhor amigo do Francois e vive na Alsácia, num prédio de 3 andares Jugendstil. Tectos altos, chao de madeira que range.

Este fim-de-semana pegámos numa garrafa de champanhe e numa outra (ainda melhor) de Conde d'Ervideira 2002 (a ocasiao pedia!) e fomos conhecê-lo!

Se disser que passei o fim-de-semana com o Mathis ao colo, talvez nao exagere! Cresci rodeada de bébés, mas há muito tempo que nao tinha um nos bracos... É indiscritível. O cheiro, o olhar curioso (como quem descobre o mundo!), as palmadinhas para acalmar...

1.11.07

Alice Geirinhas

Arte feminina, arte fecunda. Alice Geirinhas é muito humana.
Em que me faz pensar: em Frida Kahlo, em Marjane Satrapi, na avó de Marjane Satrapi, em Niki de St. Phalle.

29.10.07

Este fim de semana li

Duro. Mas excelente.

planos para o Natal

para o mais que tudo: BD portuguesa

23.10.07

Descobri a Cristina Krippahl e gostei logo dela

é portuguesa e vive na Alemanha.
Gostei de ler o que ela pensa.
É verdade, e às vezes esquecemo-nos, que os emigrantes portugueses sao uma realidade muito mais complexa do que aquele estereótipo do "emigra". E é interessante descobrir, por exemplo, que "as remessas que os emigrantes enviaram em 2005 (dois mil milhões de euros) superaram os fundos postos à disposição pela União Europeia (1,4 mil milhões)". Leiam mais aqui.

Enfadonho

Tenho passado dias a procurar seguros de saude na internet, a meter os meus dados em sites de comparacao e aconselhamento e a receber propostas...

18.10.07

"Dort, wo man Bücher verbrennt, verbrennt man am Ende auch Menschen" Heinrich Heine

Heinrich Heine escreveu esta frase famosa em 1821, a propósito da destruicao de cópias do Corao durante a inquisicao espanhola (à parte: que falta me fazem o til e a cedilha... às vezes tenho a impressao que o que escrevo se torna cómico... como aquele meu probleminha há uns tempos com as traCas...)
Voltando ao Heinrich Heine. A frase é eloquente e arrepiantemente profética:
"Onde se queimam livros, queimar-se-ao, um dia, homens."
E em Berlim, na praca da Universidade, esta frase tornou-se um memorial pelos livros queimados no advento da segunda guerra mundial. Livros de judeus e nao só. Livros dos, chamados, "degenerados", entre os quais Heinrich Heine, Thomas Mann, Karl Marx, mas também Einstein e Freud.
E a frase é o mote para um monumento discreto mas forte. Um cubo escavado no chao, quatro paredes brancas, luz branca, prateleiras brancas. Prateleiras vazias. Uma biblioteca vazia.
Quando lá estive uma mae ao meu lado explicava a uma filha o significado. Arrepiante. É muito difícil de perceber a história da Europa do século XX e principalmente o papel da Alemanha. É-o para todos a comecar pelos alemaes, que comecam agora a levantar o tapete... Para mim, este discreto monumento mostra bem a profundidade de Berlim. Nem falando agora da cena artística europeia, Berlim tem uma profundidade a que é impossível ficar indiferente e que vem de ter sido um dos palcos da História da Europa do século XX. E essa profundidade respira-se em cada esquina.

7.10.07

viagem a dois deste Inverno

Marrakech combina com família couscous.

4.10.07

lesson to self

Para a próxima, antes da Nutella, verificar se nao há pecas de sobra em cima da mesa.

Troubleshooting para electroforese capilar

quando mais nada funcionar (ou antes sequer de tentar tudo isso):
NUTELLA

2.10.07

Declaraçao de guerra

Ele chama-lhe papillon de nuit, mas este nome bonito nao faz mais do que camuflar a malvada natureza do que é, descarada e abertamente, o meu pior inimigo: a traça.

Quando as vejo, dou o meu grito de guerra que significa "ou vens cá já tratar disto, ou vai haver um ser da Natureza morto sem piedade (diga-se, à vassourada) nos próximos segundos". Ele salva-as de mim e devolve-as à noite, dizendo que nao merecem morrer.

Mas hoje descobri que o meu casaco preferido, aquele que comprei numa loja caríssima nos saldos, lhes serviu de manjar.

Isto é uma provocaçao directa.

A partir de hoje, nao vai haver mais piedade.

28.9.07

reflexao de sexta à tarde

Há coisas da vida que só se consegue perceber quando chega a nossa vez. Temos que as viver. Já agora, ainda bem: se nao fosse assim, para quê viver?

Foi assim com a universidade: por mais que eu perguntasse a quem encontrava no caminho como era, só percebi quando já lá estava dentro. As profissoes é a mesma coisa: até se pode ir visitar um amigo/primo/irmao ao trabalho para ver se se gosta da profissao dele. Mas dessa visita nao se volta esclarecido. Aquilo que nos faz gostar ou nao do que fazemos é uma essência invisível, indemonstrável e (até) inexplicável. Sente-se na barriga.

O medo do desconhecido é humano e por isso voltei a perguntar a quem encontrei no caminho. Mas voltou a nao servir de nada. Agora comeco a perceber o que significa ser doutoranda:
é estar sozinha,
é criar pontes para outros que também estao sozinhos,
é, mesmo com as pontes, continuar sozinha,
é ter demasiadas incertezas,
é sentir ansiedade,
é ser a última a ir para casa.

E é nao dar pelo tempo passar,
é sentir a tal essência invisível na barriga,
é ter demasiadas coisas ao mesmo tempo na cabeca que se comportam como criancas numa festa de criancas,
é comecar a domar as criancas uma de cada vez, enquanto as outras continuam aos pulos,
é ser livre, e pensar que me devia esta aventura a mim!

Em alta

O Axel um dia veio ter comigo:
ouvi dizer que tu és a expert em excel...
Hum... diz lá o que era?
Ah, queria passar uma sequência de aminoácidos de-uma-sócélulaparacélblablabla...
(cocei a cabeca)

Hoje, 1 mês depois, o Axel mostrou-me o resultado: ele computou um simulador de digestoes de proteinas inteirinho em excel! Está pesadao, mas funciona e é uma ferramenta que me vai dar um jeitao.

É verdade que o excel tem um potencial incrível, mas há coisas que deixam de fazer sentido, pela quantidade de trabalho, pelo peso do ficheiro e pela facilidade com que os erros passam despercebidos. Uma vez contei ao Christian que trabalho com excel. Ele olhou para mim como quem olha para uma espécie inferior: ahh... és da malta do clic-clic....

(Entusiasmada por esta onda excel-geek, decidi desenferrujar. O que saiu é um simulador de curvas de titulacao de péptidos.)

Esta semana correu super bem e acabou melhor! Já tenho uma boa base bibliográfica e muitas ideias para comecar. Preciso de sistematizar, organizar a informacao numa estratégia coerente, antes de comecar com o trabalho prático.

Tao saboroso

conhecer o universo de outro alguém. Saboroso sorrir, sozinha com o ecran, à descoberta.
Pela mao do Pedro, mesmo sem ele saber, conheci o universo da Calie, a Calie que diz e faz.

17.9.07

Ainda Satrapi, "Poulet aux Prunes"

Embalada pelo "Embroideries", ontem li o "Poulet aux Prunes". Passa-se em Teheran e conta a história de um músico famoso, tio da autora Marjane Satrapi, que procura um novo tar (instrumento de cordas) depois de o seu ter sido partido pela mulher num ataque de fúria. Por nao encontrar um Tar suficientemente bom, perde o gosto pela vida e decide morrer. O livro conta os seus últimos dias.

A Marjane Satrapi conta histórias de uma maneira sublime, com calma, com prazer nos detalhes. É poesia. Sao histórias que evocam uma lareira grande e uma tarde de domingo no Inverno. Mas o melhor e o mais inesperado é que me soa tao familiar que me sinto em casa! Pode ser afinal do Mediterrâneo que nos une, de nao sermos afinal povos assim tao diferentes, de as relacoes entre as pessoas e dentro das famílias terem mais de igual do que de diferente.

15.9.07

Embroideries

Que bom receber de volta o "Embroideries", que tinha emprestado à Ana, com uma cartinha deliciosa lá dentro, da Ana, a dizer o quanto gostou do livro e como o devorou!

O livro é uma BD da Marjane Satrapi, iraniana a viver em França, conhecida pelo Persepolis (genial), outra BD da qual agora fizeram um filme (que eu ainda nao vi!). O "Embroideries" é lindo por ser um retrato despretensioso e descomplexado das mulheres no Irão. Passa-se à volta de copos de chá e como diz a Joana Amaral Dias, "No chá em Teerão, as mulheres de Satrapi tiram o véu e têm conversas de fazer corar qualquer personagem do Sexo na Cidade. Tudo isto enquanto os homens fazem a sesta, claro." No cinco dias também tem uma sequência do livro que vale a pena não perder! ; )

Já agora, os Lobos portaram-se muito bem! Vimos o jogo num irish pub ao lado de uma au-pair neo-zelandesa.



12.9.07

Crumble


Com as maçãs do quintal, tenho feito uma média de 1 Crumble / semana.
Quem quiser a receita, que pergunte aqui ao lado.

Os Lobos

Sao admirados e repeitados por toda a imprensa pela garra, paixão e espírito de equipa com que jogaram.

Orgulhemo-nos deles!

Pós-presidencial

O Bush, é um assunto que me chateia. Mas a esta nao resisto:
O Bush, quando lhe perguntaram o que ía fazer depois de ser presidente, respondeu que ía ganhar dinheiro a fazer discursos... "Sim, ganha-se bom dinheiro com os discursos, o meu pai nao se safa nada mal... e é isso que eu vou fazer, uns discursozecos aqui e ali"

7.9.07

VIVAAAAA!!!!!!!

Todas as madrugadas a recolher ovinhos de peixe valeram a pena!

O Francois recebeu o prémio anual do ministério do ambiente para a pesquisa em áreas de proteccao dos animais!!! Mereceu-o por ter desenvolvido um método in vitro para a deteccao de substancias teratogénicas, o que é mais um pequeno passo na reducao dos testes em animais. Dia 18 lá vai a família couscous conhecer o Sô Ministro!!!!!

Os futuros medicamentos sao testados primeiro em células e depois em animais mais ou menos “simples”, antes de serem feitos os chamados testes clínicos. O objectivo dos testes em animais é imitar o que se passaria no homem, mas os testes em animais também nao sao desejados. Por razoes de ética e, também, económicas. Assim, tentam desenvolver-se testes in vitro que dêem tanto quanto possível resultados comparáveis com os testes in vivo. O Francois desenvolveu um método em que usa embrioes de peixes para detectar compostos que possam ter efeitos no desenvolvimento embrionário (teratogénicos), ou seja, compostos que as grávidas nao podem tomar. E teve bons resultados com uma das substâncias “difícies” em toxicologia, isto é, uma substância que escapa à maior parte dos testes indicadores de teratogenicidade.

29.8.07

26.8.07

Harald

O Harald é dos alemães mais abertos e simpáticos que eu conheço! Reformou-se há uns tempos do meu antigo laboratório. Começou como aprendiz na Merck e lá continuou. Quando eu cheguei ele já andava em contagem decrescente (e ele contava mesmo!!) para a reforma! Era a pessoa que falava melhor inglês no laboratório, o que é de admirar porque os outros são todos muito novos! Mas o que aos outros falta tem ele de sobra: alegria de viver, de conhecer pessoas, de conversar, de descobrir! E a nós, estagiários, tratava-nos quase como filhos e chegava a dar aqueles conselhos para a vida, aquelas verdades universais que precisam de ser ouvidas!

Acho que me vou sempre lembrar do Harald. Espero que ele esteja a curtir bem a reforma... deve andar por sítios exóticos. Disse-lhe para ir a Portugal, ao que me respondeu: "Naaaa, Portugal é aqui ao lado. Só vou lá quando já nao puder andar." O Harald é só espírito!

23.8.07

Couscous de volta

O referencial é tudo:
- depois de uns dias ao sol, a comunidade sao martinhense aceitou a minha corzinha e deixou de fazer aquela cara do "coitadinha-deve-andar-doente"
- em Darmstadt os olhos do "que-inveja-também-quero-ir-para-o-equador" atiram-me para o outro extremo.
A verdade é que estou preta. E muito gracas ao "tip'óil"!

Foram dias excelentes e agora na calha estao:
- o lancamento do blog "Alvarengas"
- a reportagem da pesca ao polvo
- a reportagem do baile de chitas 2007

Viva o Verao! Viva!

10.8.07

Couscous

foi apanhar sol e já volta!

A bientôt!

Casamento alemao

Frente à torre estava montada uma tenda com copos (uns de plástico outros de vidro) de champanhe e uns gressinos para emsopar. Os noivos (os dois) já la estavam, apesar de isto ser ainda o "antes". Noiva de branco, caicai banal, noivo de fato, família de tafetás até aos pés. Chegar, cumprimentar os noivos e subir a torre até ao 4° andar a toque de caixa de um homem que parecia trabalhar num circo. Vós bem colocada, fraque e paletó muito coçados. Já no quarto andar, uma salinha com 4 filas de cadeiras. À frente os noivos e dois padrinhos, um de cada lado. Os outros organizámo-nos como pudémos. Nao demora nada. Uma senhora com ar duro e mal vestido lê um texto em voz monocórdica. Um texto interessante, sobre a torre do casamento, a sua história, o significado de ali casar, e sobre o casamento, com direito também à citacao de Woody Allen "No casamento lida-se com os problemas a dois, problemas esses que nao se teria se se estivesse solteiro". Imagino que no dia do próprio casamento nao se esteja muito interessado numa fria contextualizacao histórica do edifício e muito menos nas pérolas de filosofia urbana neurótica do Woody Allen. O noivo tinha um bocado ar de nao estar a ouvir nada e a noiva mais de quem quer chorar ou sair dali.

Incomodou-me a senhora com ar duro e voz monocórdica. Mas achei bonitas a singeleza, a despretensao e a coragem de casar no mundo real. No fim batemos todos palmas. E fomos postos na rua pelos convidados do casamento a seguir... o ritmo é de 1casamento/hora ali.Quem quer conversar é na rua.

Mais flutes de champanhe e gressinos, fotografias debaixo da tendinha e ala para casa que nao estávamos convidados para os comes e bebes... Pena, senao teria mais e melhor para contar.

9.8.07

Hoje vou a um casamento alemao!

Na torre do casamento. Faz parte de Matildenhöhe, o centro arte nova em Darmstadt. Há quem nao goste, mas para mim tem um encanto que nao consigo explicar, é como se tivesse alma.

8.8.07

No Mundo Segundo Couscous


SERIA PROIBIDO CHOVER EM AGOSTO.

3.8.07

UMA NANA PARA A QUERIDÍSSIMA BRANCA


Conta muitos e bons e perto de mim!

1.8.07

Obrigada Niklas

Uma casa abandonada pertencente à câmara municipal de Ludwigsburg e a organizacao do Niklas, amigo do Steffen. Impossível, improvável e indesejável fazer um relato arrumadinho e sóbrio porque (1) nao foi desta maneira que o vivi e (2) vai contra o espírito da festa.

Tendo esclarecido isto, aqui vao umas ideias soltas:
  • Conheci o Pandy. Trabalha como assistente de producao de filmes e quer estudar design ou qualquer coisa relacionada com artes visuais. Além disso, é DJ e poe uma música que se chama minimal techno (?). Vive em Berlim e ele próprio me contou que ter (Berlim) a seguir ao seu nome num flyer de uma festa lhe dá imenso sucesso. Claro que DJ Pandy (Berlin) é muito mais cool que DJ Pandy (Esslingen). Indiscutível. Esslingen tem o mesmo potencial "cool" que Sabacheira ou uma coisa assim... Estivémos à conversa sobre o seguinte dilema que segundo o Pandy deve passar pela cabeca de qualquer pessoa: escolher entre "ser altamente genial, mantendo o pensamento livre, nao se preocupando com coisas mundanas, incompreendido pelos contemporâneos e reconhecido 20 anos após a morte por criacoes completamente inovadoras" OU "fazer umas criacoezinhas vivendo no mundo real, com pessoas reais, pagando as próprias contas e até (loucura!) impostos e assim recebendo reconhecimento que qualquer artista deseja". O Pandy escolheu pagar as contas. Acabámos mais ou menos por concluir que muito poucas pessoas têm de facto essa escolha, claro. E que, a terem essa escolha, deviam ir pela primeira opcao. Pelo bem da humanidade!
  • Conheci o Steffen que é um especialista em matraquilhos e que vendia no bar. O Francois é que me contou que ele sabe as regras do matraquilhos em vários países e que discute teoricamente as técnicas do jogo e os truques que sao possíveis dependendo das regras de onde se está. Nunca pensei vir a conhecer um especialista em matraquilhos.
  • Havia uma sala secreta na cave onde se jogava poker a dinheiro. Secreta porque as paredes da cave estavam todas cobertas com uns panos pretos e procurando por trás dos panos encontrava-se a tal sala secreta!
  • No que em tempos foi a sala de estar da casa estava montado um palco onde ouve desde leituras de textos de autoria própria a actuacoes de bandas, passando pelo DJ Pandy de Berlim, claro, e outros.
  • A Jojo zangou-se com o Steffen dos matraquilhos porque ele nao lhe queria vender uma meia baguete com queijo. Nao percebi porque é que uma pessoa que se stressa se mete a trabalhar no bar de uma festa de amigos.
  • Dormimos na zona chill out da festa. Cheirava a cinzeiro e eu sonhei com uma casa de banho limpa e com águas correntes, ou seria um spa. Mas valeu a pena. Sao estas festas que nos cruzam com pessoas improváveis que valem a pena.

Nao sei se alguém vai conseguir ler até ao fim. Se sim, parabéns! E toca a fazer festas improváveis com pessoas improváveis.

Mais arte

A ele dao-lhe salas com paredes vazias que ele enche de cartoons feitos a caneta.

30.7.07

Tino Sehgal

A ausência de suporte físico é o que nos deixa desorientados. Numa sala de museu, paredes brancas, 3 pessoas que parecem pertencer ao staff do museu, segurancas. Sempre que alguém entra na sala, comeca a obra de arte: os 3 segurancas dancam ou saltitam, enquanto dizem “This is so contemporary! e no fim “Tino Sehgal, 2004”. Saltitam à volta das pessoas impedindo-as de deixar a sala, enquanto as pessoas, surpreendidas, tentam fugir.

Isto “foi” a obra de arte. O nosso momento. Tino Sehgal é alemao, vive em Berlim. Nao grava nem fotografa as suas obras, na tentativa de desligar a arte do objecto, ou da objectividade. É a quebra com a base da arte visual que é o objecto material. Elas devem estar guardadas só na memória de quem as viveu. “O artista visual que nao cria objectos materiais”.

Isto foi ontem no Museu de Arte Moderna em Frankfurt.

27.7.07

Porque as lágrimas limpam a alma

"It's impossible to recreate the human tear, but Murine Tears Lubricant Eye Drops is designed to closely match human tears. These Natural Tears Formulas contain eight major ingredients found in natural tears."

Que ninguém deixe de chorar só por ter os olhos secos!

Bom fim-de-semana!

26.7.07

SOU MESMO COOL

A pousada está cheia (provavelmente com todos os espertalhoes que nao foram na conversa do Steffen). Vou ter que ser cool a tempo inteiro. Nao me está a apetecer nada.

Depois conto como tudo se passou.

SE EU NAO SOU "COOL" O QUE É QUE EU SOU


Sexta é isto que me espera: uma festa/ festival numa casa abandonada, organizada por um amigo do Steffen. Arriscando fortemente a minha imagem "cool" aos olhos do Steffen, reservo um quarto na pousada de juventude. É que os verdadeiramente cools, dormem a partir das 8 da manha e no mesmo sítio em que fizeram a festa.
No sábado subimos a um monte com mochilas às costas, grelhamos o jantar e dormimos meio ao relento num castelo abandonado no meio da Natureza.






25.7.07

de 10 a 21


Nao páres de blogar!

juntas já tricotámos ... óptimos momentos!

www.colheretricot.blogspot.com

"Schönen Vortrag"

Hoje apresentei aos colegas doutorandos aquilo a que me proponho. Tinha umas 10 caras farmacêuticas a olhar para mim, o que me poe sempre um bocado nervosa. Achei que podia ser interessante ir aos fundamentos físicos da questao mas eles dividiram-se entre bocejar ou fazer um ar perdido. Nao é muito boa ideia mostrar aos farmacêuticos os seus limites. Acho que fui corajosa! Eles disseram que a apresentacao estava "schön" (bonita), o que quer que isso signifique.

20.7.07

VIVA O NOVO CHEFE


A antiga chefe era cinzenta, durona e com vistas curtas. Tínhamos que fazer malabarismo para a convencer a comprar uma bicicleta.

O novo chefe diz que só compra ferraris!!!!!!
Aí está!!!!
Mister!!!!

O meu brinquedo, que ainda nao se sabe para quando vem, há-de ser um ferrari!
Viva!

Entretanto (só) tenho que aprender a guiar ferraris...

19.7.07

VIVA A WIKIPEDIA

I am the escaped one

I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul
Never finds me.

Fernando Pessoa
É estranho nao estar a partilhar este blog com as pessoas com quem partilho a minha vida. Foi uma das questoes que me passaram pela cabeca: escrevo em que língua?

Nao teria escolhido outra senao esta.

Primeiro porque nao sou o Pessoa, quer dizer o meu inglês dá-me para pouco mais do que nao passar fome. Um bocado mais, sim. Mas mesmo assim...

Nao dá para substituir a riqueza de postar e comunicar em portugues. As subtilezas, raízes que temos na memória e que se cruzam e que permitem trocar coisas dizendo tao pouco. Se falarmos com um brasileiro nao vamos poder trocar as mesmas coisas.

Nao sei o que o Francois pensa disto, nunca lhe perguntei. Nao sei se ele já espreitou o blog.

Street Dance

O pessoal que vai às aulas de street dance na TU (Technische Universität) em Darmstadt divide-se em:

- pitas que gostam de hip-hop e dancam sem gana nenhuma,

- quarentonas com madeixas que imitam tudinho o que a profe faz e que têm tudo menos pinta de street-dancers,

- cromos da street-dance, que vao para o fundo da sala,

- miúdas com imensa pinta, que mesmo sem saber a coreografia toda, têm imensa gana a dancar e isso vale tudo.

Este último grupo é constituido por mim e pela Jojo.

Ontem foi a ultima aula antes das férias. Só vos digo que eu e a Jojo idolatramos a professora. ELA É COOL

Este é um gajo que se diz meu amigo e mais o amigo dele

www.bartolices.blogspot.com

Quem lê o teu blog percebe qual é a essência de dizer plano nodal plano nodal plano nodal enquanto desticula muito com os bracos.

Incontornável.

Ou, como diria o amigo do amigo, priceless...

16.7.07

Já agora por falar em televisoes para emigrantes, nestas duas semanas que passei na Suica sem quase ver o sol, descobri a RTP internacional. Fiquei contente : ) A programacao é muito bem feita. Sente-se a preocupacao de mostrar a portugueses que nunca moraram em Portugal como é esse país do qual sentem saudades por heranca. Além da história, da cultura, do turismo, tem programas sobre indústrias e empresas portuguesas. Claro que pelo meio ouve-se a Ágata e o Toy, mas isto gostos nao se discutem.

Ainda sobre a Suica, no hotel os empregados eram quase todos portugueses. Pelo menos 2, pela minha idade, tinham acabado de chegar. Recém casados, foram fazer-se a uma vida melhor... agora como dantes. Invariavelmente, planeiam ficar por um par de anos até ter dinheiro suficiente para "organizarem a sua vida" em Portugal. Mas ficamos sempre mais tempo do que planeámos.

Um deles era de Cascais! O emigrante atípico! De colar ao pescoco, relógio gigante e sotaque da linha! Sempre a repreender-me pelos meus hábitos de "má portuguesa", como ter um namorado nao portugues, beber chá ao pequeno almoco ("chazinho, nao é?... tsss...") e nao aproveitar o facto da empresa pagar os custos para me empanturrar todos os jantares.

sangue latino

Ainda sobre o dia 14... entre tomar o pequeno almoco e atender telefonemas para o menino dos anos, deitei uma vista de olhos na TV5Monde, onde mostravam o Sarkozy com um ar aborrecido a assistir à parada militar pelo dia nacional. Desfilavam diferentes grupos militares franceses e também representantes de outros países. Quando apareceram os espanhóis, nao pudémos conter uma gargalhada, eu e a comentadora: vinham de camisa aberta a partir do meio da peitaca peluda. Só para que nao restem dúvidas!

14.7.07

14 de Julho

Festa nacional em França, pela queda da Bastilha.
Festa em Darmstadt, pelos anos do Francois. Vou cozinhar uma carne assada e uma salada de couscous para o pic-nic. A minha primeira salada de couscous. E o meu primeiro post.

Vamos ver como resulta isto do blog. Afinal, fazendo parte da geracao dos blogs e da geraçao europa, como nos chamou o nosso primeiro, até me fica mal estar a ver de fora em matéria de blogs...