28.9.07

reflexao de sexta à tarde

Há coisas da vida que só se consegue perceber quando chega a nossa vez. Temos que as viver. Já agora, ainda bem: se nao fosse assim, para quê viver?

Foi assim com a universidade: por mais que eu perguntasse a quem encontrava no caminho como era, só percebi quando já lá estava dentro. As profissoes é a mesma coisa: até se pode ir visitar um amigo/primo/irmao ao trabalho para ver se se gosta da profissao dele. Mas dessa visita nao se volta esclarecido. Aquilo que nos faz gostar ou nao do que fazemos é uma essência invisível, indemonstrável e (até) inexplicável. Sente-se na barriga.

O medo do desconhecido é humano e por isso voltei a perguntar a quem encontrei no caminho. Mas voltou a nao servir de nada. Agora comeco a perceber o que significa ser doutoranda:
é estar sozinha,
é criar pontes para outros que também estao sozinhos,
é, mesmo com as pontes, continuar sozinha,
é ter demasiadas incertezas,
é sentir ansiedade,
é ser a última a ir para casa.

E é nao dar pelo tempo passar,
é sentir a tal essência invisível na barriga,
é ter demasiadas coisas ao mesmo tempo na cabeca que se comportam como criancas numa festa de criancas,
é comecar a domar as criancas uma de cada vez, enquanto as outras continuam aos pulos,
é ser livre, e pensar que me devia esta aventura a mim!

Em alta

O Axel um dia veio ter comigo:
ouvi dizer que tu és a expert em excel...
Hum... diz lá o que era?
Ah, queria passar uma sequência de aminoácidos de-uma-sócélulaparacélblablabla...
(cocei a cabeca)

Hoje, 1 mês depois, o Axel mostrou-me o resultado: ele computou um simulador de digestoes de proteinas inteirinho em excel! Está pesadao, mas funciona e é uma ferramenta que me vai dar um jeitao.

É verdade que o excel tem um potencial incrível, mas há coisas que deixam de fazer sentido, pela quantidade de trabalho, pelo peso do ficheiro e pela facilidade com que os erros passam despercebidos. Uma vez contei ao Christian que trabalho com excel. Ele olhou para mim como quem olha para uma espécie inferior: ahh... és da malta do clic-clic....

(Entusiasmada por esta onda excel-geek, decidi desenferrujar. O que saiu é um simulador de curvas de titulacao de péptidos.)

Esta semana correu super bem e acabou melhor! Já tenho uma boa base bibliográfica e muitas ideias para comecar. Preciso de sistematizar, organizar a informacao numa estratégia coerente, antes de comecar com o trabalho prático.

Tao saboroso

conhecer o universo de outro alguém. Saboroso sorrir, sozinha com o ecran, à descoberta.
Pela mao do Pedro, mesmo sem ele saber, conheci o universo da Calie, a Calie que diz e faz.

17.9.07

Ainda Satrapi, "Poulet aux Prunes"

Embalada pelo "Embroideries", ontem li o "Poulet aux Prunes". Passa-se em Teheran e conta a história de um músico famoso, tio da autora Marjane Satrapi, que procura um novo tar (instrumento de cordas) depois de o seu ter sido partido pela mulher num ataque de fúria. Por nao encontrar um Tar suficientemente bom, perde o gosto pela vida e decide morrer. O livro conta os seus últimos dias.

A Marjane Satrapi conta histórias de uma maneira sublime, com calma, com prazer nos detalhes. É poesia. Sao histórias que evocam uma lareira grande e uma tarde de domingo no Inverno. Mas o melhor e o mais inesperado é que me soa tao familiar que me sinto em casa! Pode ser afinal do Mediterrâneo que nos une, de nao sermos afinal povos assim tao diferentes, de as relacoes entre as pessoas e dentro das famílias terem mais de igual do que de diferente.

15.9.07

Embroideries

Que bom receber de volta o "Embroideries", que tinha emprestado à Ana, com uma cartinha deliciosa lá dentro, da Ana, a dizer o quanto gostou do livro e como o devorou!

O livro é uma BD da Marjane Satrapi, iraniana a viver em França, conhecida pelo Persepolis (genial), outra BD da qual agora fizeram um filme (que eu ainda nao vi!). O "Embroideries" é lindo por ser um retrato despretensioso e descomplexado das mulheres no Irão. Passa-se à volta de copos de chá e como diz a Joana Amaral Dias, "No chá em Teerão, as mulheres de Satrapi tiram o véu e têm conversas de fazer corar qualquer personagem do Sexo na Cidade. Tudo isto enquanto os homens fazem a sesta, claro." No cinco dias também tem uma sequência do livro que vale a pena não perder! ; )

Já agora, os Lobos portaram-se muito bem! Vimos o jogo num irish pub ao lado de uma au-pair neo-zelandesa.



12.9.07

Crumble


Com as maçãs do quintal, tenho feito uma média de 1 Crumble / semana.
Quem quiser a receita, que pergunte aqui ao lado.

Os Lobos

Sao admirados e repeitados por toda a imprensa pela garra, paixão e espírito de equipa com que jogaram.

Orgulhemo-nos deles!

Pós-presidencial

O Bush, é um assunto que me chateia. Mas a esta nao resisto:
O Bush, quando lhe perguntaram o que ía fazer depois de ser presidente, respondeu que ía ganhar dinheiro a fazer discursos... "Sim, ganha-se bom dinheiro com os discursos, o meu pai nao se safa nada mal... e é isso que eu vou fazer, uns discursozecos aqui e ali"

7.9.07

VIVAAAAA!!!!!!!

Todas as madrugadas a recolher ovinhos de peixe valeram a pena!

O Francois recebeu o prémio anual do ministério do ambiente para a pesquisa em áreas de proteccao dos animais!!! Mereceu-o por ter desenvolvido um método in vitro para a deteccao de substancias teratogénicas, o que é mais um pequeno passo na reducao dos testes em animais. Dia 18 lá vai a família couscous conhecer o Sô Ministro!!!!!

Os futuros medicamentos sao testados primeiro em células e depois em animais mais ou menos “simples”, antes de serem feitos os chamados testes clínicos. O objectivo dos testes em animais é imitar o que se passaria no homem, mas os testes em animais também nao sao desejados. Por razoes de ética e, também, económicas. Assim, tentam desenvolver-se testes in vitro que dêem tanto quanto possível resultados comparáveis com os testes in vivo. O Francois desenvolveu um método em que usa embrioes de peixes para detectar compostos que possam ter efeitos no desenvolvimento embrionário (teratogénicos), ou seja, compostos que as grávidas nao podem tomar. E teve bons resultados com uma das substâncias “difícies” em toxicologia, isto é, uma substância que escapa à maior parte dos testes indicadores de teratogenicidade.