23.3.10

Alma de poeta

Num grupo do facebook, encontrei em comentário a seguinte reflexao sobre Portugal e ser português:

"Este não é o caminho. Estamos a caminhar para um futuro incerto e triste. Isto não é ser Português! Onde está a nossa perseverança e resistência? O nosso brilhantismo e lucidez? Uma mudança de atitude urge"

Se isto mesmo nao reflecte o "ser português" desde que o Dom Sebastiao se perdeu na bruma, como já o Pessoa tinha contado, nao sei nao...

Portugal está é cheio de poetas!

"É a hora!"

16.3.10

A luz de Lisboa

"Diz-se que após a conquista de Lisboa, D. Afonso Henriques confinou os mouros numa colina da cidade não banhada pelo sol durante a maior parte do dia. O castigo do rei, o 'gueto' (que seria o início da, hoje famosa, Mouraria), tinha uma razão simples: menos sol significava menos produção agrícola, e menos sol... mais tristeza, daí o castigo. É dessa tristeza e melancolia das ruas da Mouraria, dessa falta de luz, que nasce o fado de Lisboa. É o que se diz."
no Acatar

10.3.10

Vou várias vezes ao minha mátria só para poder ouvir a música. Chateio-me quando o grande olho do senhor m.rck nao me deixa.

8.3.10

7.3.10

Banho

Um bom punhado de sal na água. Só. Ponho-me de molho, estico-me com os pés de fora e fecho os olhos. O sol entra pela janela e bate-me na cara. O corpo quente. Formam-se bolhinhas de ar que se prendem à pele e aos pelos. Desprendem-se quando lhes toco e sobem até à superfície. Muitas bolhinhas. Tanto sol. As bolhas que se desprendem nas costas vêm a fazer coceguinhas na pele por aí acima até conseguirem soltar-se. Concentro-me nas bolhinhas, tento sentir se há mais bolhinhas nas costas. A cabeca dentro de água, nao se ouve nada. Só o sol, nem consigo abrir os olhos.
A televisao só mostra os dois tercos de baixo da imagem. Ou seja, nunca vejo as caras dos actores. É como estar numa sala de gigantes e ser anao.

Desisti de ver filmes. E até tinha comprado um leitor de DVDs novo, a 3 meses de me ir embora, porque nao posso viver sem filmes.

Ele acha muito interessante o efeito de faltar o terco de cima da imagem. Artístico, quase.

Uwe Lausen

1941-1970

Das alltägliche Leben ist die einzige Möglichkeit für die zukünftige Kunst. Wir müssen nach radikalen Freunden suchen - solche gibt es ja. Die Alten sagen: 'In unserer Jugend waren wir radikal' Das stimmt. In ihrer Jugend lebten sie noch. Man hat dann vergessen, was man wollte. Man schläft. Man ist tot. Wir müssen diejenigen aufrufen, die wach sind, die Schläfrigen aus dem Schlaf rütteln und die Toten begraben. Das heisst: wir müssen anfangen.

"A vida de todos os dias é a única possibilidade para a arte do futuro. Temos de procurar amigos radicais - eles existem. Os velhos dizem: "Na nossa juventude éramos radicais" É verdade. Na juventude eles ainda viviam. Depois, esquece-se o que se queria. Dorme-se. Está-se morto. Temos de chamar aqueles que estao acordados, sacudir os adormecidos e enterrar os mortos. Quer dizer: temos de comecar."

Uwe Lausen, a descoberta de ontem no Schirn em Frankfurt. Influenciado pela pop art, mas autodidacta e fresco. Completamente lúcido e muito sensível. Quadros fortes, arrogantes, críticos. Fazia sessoes transe de música experimental com um músico amigo, com tambores, instrumentos improvisados e voz. Drogas e duas filhas. Suicidou-se em 1970 com 29 anos. Tinha dito "Definitivo. Quem quer definitivo, quer a morte. Quem quer definitivo, deve matar-se." Coerente até ao fim.