10.4.08

episódio

Uma calle em Madrid, um café de esquina com três mesas no passeio. Numa mesa ao lado, um casal jovem, cada um na sua onda. Ela arranjada para aquele sábado de manha com sol. Ele t-shirt justa a mostrar os músculos, barba por fazer, nervoso daqueles que quando estao sentados nao conseguem parar de tremer a perna. Duas miudas. A Paula, uma verdadeira espanholita , veio logo ter comigo: "Como te llamas? Yo me llamo Paula, tengo 3 anos e voy a la creche." Só salero. Numa cadeira de rodas um avô que mesmo de fato de treino, guardava o ar digno de outros tempos. Nao falava, ou só com monosílabos. Mas percebia tudo. Exasperava-se quando lhe pediam demais: "quieres beber algo? comer algo? beber algo? comer algo? algo?" e o pobre senhor com a boca ao lado nao queria mais atencoes. Queria só estar ali, gozar o sol, que as miudas trepassem por ele acima. Ah, e ver as fotografias que lhe iam passando à frente dos olhos e para as quais fazia esbocos de uns sorrisos. Percebeu que eu os fixava. Tenho um problema, é que fixo demais as pessoas quando me chamam a atencao. Mas nao queria perder pitada daquele filme de Almodovar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Curioso não existir referências a episódios insólitos dentro de discotecas a altas horas da noite, longe dos respectivos e esforçados maridos, que ficaram a ganhar o pão para a casa.
bjs
marido anónimo

Anônimo disse...

Caro marido anónimo,
ir tomar parte no que é a heranca da movida é um acontecimento culturamente tao importante como ir passar a tarde a olhar para o Guernica. Naturalmente, episódios de encontro com a cultura latina e os comportamentos dentro de discotecas a altas horas da noite fazem parte dessa experiencia cultural.
E mais nao me estendo, que roupa suja é para se lavar na própria casa, que é como quem diz, no próprio blog.
leo