29.5.10

Sábado, aos 29 de Maio de 2010

um molho de papel dentro de uma capa preta, é o que é.

E hoje há concerto! Aqui.

28.5.10

Psico-somático

estou a imprimir e suam-me as maos.

Psico-somático

tenho uma borbulha no céu da boca.

27.5.10

Psico-somático

tenho uma impressao nas costas, zona lombar do lado direito, como se estivesse dormente... Amanha aprovam-me a tese, sábado e domingo tenho a impressora do departamento por minha conta, segunda-feira de manha vou encadernar e à tarde fazemos uma excursao familiar a Bona: eu, os meus dois flatmates e o flatmate mais pequenino que está uma gracinha. Gatinha como um louco, ri-se às gargalhadas, come pao como uma frieira, dá presentinhos imaginários que segura entre dois dedos ao Christian e adora dizer-me adeus desalmadamente. Além disso também acha muita graca à cancao das Doidas, à Festinha-gata e, claro, a traques na barriga, mas isso é o básico.

20.5.10

Ponto da situacao

Em vésperas de entregar, tenho tudo pronto desde sexta feira "na gaveta". Tinha prometido a mim mesma nao abrir a gaveta por uns dias. Mas todos os dias mudo qualquer coisinha. Estou à espera da aprovacao dos senhores da censura que me foi prometida para amanha. Se tudo correr bem, para a semana imprimo, encaderno, preparo tudo e vamos a Bona! Nem acredito. Os nervos estao em frangalhos... mas para a recta final ainda chegam.

O que me tem salvo é um livro de Andreas Altmann que fez o caminho de Paris a Berlim em 33 dias, a pé e sem dinheiro. Muito inspirado, mas lúcido e honesto, a viagem na primeira pessoa; o dia-a-dia de quem decidiu descer do comboio e viver da generosidade dos outros; uma reflexao sobre as pessoas, os burgueses escondidos, cujas almas se lhes escorregaram para os porta-moedas e os pés-descalcos Habenichts apátridas e as suas ilusoes perdidas. Aqui dois excertos (traducao minha, desculpem lá):

"Depois de duas horas, chego a Saint-Germain-sur-Morin. Em frente do semáforo estao cinquenta homens e mulheres solitários sentados nos seus carros à espera de poder avancar. Direccao local de trabalho. Que temem ou odeiam. As suas caras nao sao óbvias, só é óbvia a sua infelicidade. Todos os cinquenta sentem certamente pena de mim. Eu sinto pena deles também, estamos quites."

"Depois de saber que vou em viagem sozinho, Madame Chantal quer saber - Entao e nao tem medo? - Medo de quê? - Que alguém o ataque na rua.
Típico, já tinha ouvido esta frase. Ninguém diz: Que sorte! Vai ouvir tantas histórias! Vai conhecer gente interessante! Vai viver experiências! Vai enriquecer a sua vida! Nao, sempre o Medo, sempre o outro como inimigo, como vagabundo, como alguém que causa desgraca. Medo, a atitude de vida oficial."

Habenichts - traducao à letra: um nao-tem-nada.

5.5.10

a biblioteca

90% das pessoas têm uma garrafa de água de litro e meio na mesa. Lá fora há uma máquina onde se pode comprar café e fica-se com um copinho de plástico. Como me esqueco sempre de comprar uma garrafa de água, o Christian ensinou-me a guardar o copinho para poder beber água na casa de banho. Já vi uma rapariga escondida no fim de um corredor de prateleiras a rezar virada para meca. E de cada vez que entro acho sempre muito quente e cheira-me a traques. Depois habituo-me.

As páginas que me falta corrigir contam-se pelos dedos de uma mao.