7.2.09

Quando a arte aproxima

O primeiro iraniano que conheci foi o Daniel, aquele meu colega de trabalho que deixou os colegas invejosos para trás e foi à vida dele, estudar medicina. Grande Daniel. Mas o Daniel não gostava de falar do Irão e nunca se alargava muito, principalmente se estivessem outras pessoas. Talvez tenha passado uns maus bocados por vir de onde vem.

Uma vez perguntei-lhe pela Satrapi. Não conhecia. Como os livros cá de casa são em Francês, não insisti muito em emprestar-lhos. Também não sei se seria sensível impingir-lhos. Há diferenças culturais ou mesmo biográficas que se devem respeitar. Por muito que eu ache que Satrapi seja muito giro e muito cool e tal, talvez o Daniel até a ache uma parva burguesa cujos papás ricos mandaram estudar para a Europa e que agora está rica às custas de contar como é a vida lá no país dos pobrezinhos. Não insisti mais com este assunto.

Ontem, em casa de um amigo conheci a Ara, também iraniana. Perguntei-lhe então também a ela pela Satrapi. Um bocado a medo, de uma maneira neutra... E os olhos dela brilharam! Que giro eu também conhecer, e como tinha ouvido falar, que a descobriu depois de vir, que no Irão é impossível encontrar, que anda à procura de mais livros, se eu sei de outros, e como se identificou com a história, que a tocou tanto que até chorou a ler, principalmente a parte da guerra... - e aí os olhos pararam de brilhar: a guerra, muito difícil. Parámos de falar por um momento, eu achei que o melhor seria esperar por ela. E depois continuou, que sim que a Satrapi tinha ganho bom dinheiro à custa das histórias do Irão, e agora ainda mais com o filme, mas que é apenas a história vista por ela, sem pretensões, e que está muito bem feito, que é mesmo assim, que também leu o embroideries, que adorou, etc etc

Duas pessoas, eu e ela, vimos de dois extremos geográficos, encontramo-nos no meio, e cria-se uma empatia por causa de uma banda desenhada. Acho que ficámos ambas maravilhadas uma com a outra. Ou talvez tenha sido só eu.

6 comentários:

Anônimo disse...

Post sublime. É só o que tenho a dizer!

leo disse...

grazie Amiga Branca

Anônimo disse...

Nunca conheceste em Monchite as Persas e o Toni, netos do João Polícia? Vieram do Irão, mas o Irão do Xá.
Vicente

leo disse...

Nunca conheci!
E como vieram esses persas parar a Monchite?

Anônimo disse...

Emigraram para o Irão, e o
rapaz quando voltou mal falava Português (as raparigas não sei, pois eram mais velhas do que eu. Voltaram em 1979/80 (não sei ao certo) quando de seu a revolução Islâmica.
As raparigas, as Persas, eram mais velhas do que eu pelo que não me lembro de falar com elas, embora me recorde que causavam algum furor apesar de (tenho ideia) feiinhas...
Enfim, em Monchite encontramos tudo, não é necessário ir ao centro da Europa....
Bjs
Vicente

Anônimo disse...

Correcção

Emigraram para o Irão, e o
rapaz quando voltou mal falava Português (as raparigas não sei, pois eram mais velhas do que eu). Voltaram em 1979/80 (não sei ao certo) quando de seu a revolução Islâmica.
As raparigas, as Persas, não me lembro de falar com elas, embora me recorde que causavam algum furor apesar de (tenho ideia) feiinhas...
Enfim, em Monchite encontramos tudo, não é necessário ir ao centro da Europa....
Bjs
Vicente