18.2.09

Amanha também é dia

Quando depois de uma noite mal dormida (a sonhar com a experiência que estava a correr, que nerd...), chego cá e as coisas nao funcionaram,

o melhor é fechar o computador, pegar na trouxa e ir para a rua. Feierabend*!

Vou ao supermercado comprar o que preciso para o soufflé que quero fazer logo à noite a uma amiga recente que convidei para jantar. Depois, deito-me no sofá a ler e pode ser que durma uma sesta. E mais para o fim da tarde, abro o vinho e comeco com o soufflé.

(* fim do trabalho, fechou o estaminé, leisure time)

17.2.09

Niki de St. Phalle em Évora!

Disse-me a Teresinha que a Fundação Eugénio de Almeida organizou uma exposição em Évora. A não perder! Chama-se Alegria de Viver e imagino que contenha obras da fase tardia de criacao de St. Phalle.

É a sua fase mais conhecida, como símbolo as Nanas (mulher ou rapariga em francês) que são representações femininas de dimensões gigantes e formas redondas. Transmitem alegria de viver e, mais que isso, alegria de ser mulher. São fecundas, coquetes, livres, poderosas, felizes.

Niki de St. Phalle torna-se ainda mais interessante quando se conhece um pouco mais a sua biografia e trabalhos mais iniciais. Uma relação muito problemática com os homens, talvez por ter sido violada pelo pai (ou padrasto, já nao sei ao certo), um coração partido, um ódio aos homens em geral que ela destila em obras violentas, perturbantes, intensas.


Nas obras desta fase St.Phalle dispara com uma espingarda sobre os quadros. Mais tarde, ela diz sobre esta época
"En 1961 j'ai tiré sur : Papa, tous les hommes, les petits, les grands, les importants, les gros, les hommes, mon frère, la société, l'Eglise, le couvent, l'école, ma famille, ma mère, tous les hommes, Papa, moi-même, les hommes. Je tirais parce que cela me faisait plaisir et que cela me procurait une sensation extraordinaire. Je tirais parce que j'étais fascinée de voir le tableau saigner et mourir. Je tirais pour vivre ce moment magique. C'était un moment de vérité scorpionique. Pureté blanche. Victime. Prêt ! A vos marques ! Feu ! Rouge, jaune, bleu, la peinture pleure, la peinture est morte. J'ai tué la peinture. Elle est ressuscitée. Guerre sans victimes."

Na época mais leve e alegre das Nanas é como se St. Phalle tivesse deixado sair todo o ódio, trabalhado as suas inquietudes e os seus traumas. Mas as Nanas não são só leves e alegres, são também uma manifestação não menos apaixonada do feminino e, se quisermos, do feminismo...

Imagens daqui e daqui.

16.2.09

Lombardia: primeiras impressoes

Quando na sexta feira me sentei à espera do embarque, já nao estava na Alemanha, já estava com um pézinho em Itália: à minha volta, bons sapatos, bom aspecto e bom gosto. Subimos até estarmos por cima das nuvens, sobrevoámos os picos dos Alpes cheios de neve e, do outro lado, o sol ainda brilhava. Uma luz muito branca, o sol reflectido na neve e nos lagos... Lindo!

Embora a paisagem natural seja semelhante (os Alpes, os lagos), a Lombardia é ainda mais bonita que a zona do lago de Genebra. Eu acho que a diferenca está no flair italiano... as antigas vilas lombardas à beira do lago, o caos "organizado" italiano, a comida ohhh tudo é tao simples e delicioso...

No domingo de manha resolvemos ir ao Sacro Monte ao lado de Varese, um sítio que se vê de Varese e que tem uma forca de atraccao enorme... Um monte com uma aldeia encavalitada no topo... misterioso. Valeu a pena! É um local de peregrinacao que se sobe a pé, património Unesco, no topo tem uma aldeia medieval onde vive gente e uma igreja. A vista é de cortar a respiracao... Como nao tínhamos máquina fotográfica, aqui está uma foto que tirei da net:

13.2.09

Pirosices

Como este fim de semana vou visitar o Francois a Itália, hoje pus o meu vestido novo e as minhas botas novas.

Ahhh, que bom que é ser pirosa :)

Mas nao me falem em dias do Santo Valentino que isso até para mim é pirosice a mais!

11.2.09

Ainda sobre o filme Liebesleben

A história é uma história universal, mas para a realizadora é importante ter sido filmado em Israel.

Isto pelo facto de os israelitas nao viverem como se tivessem tempo infinito para tudo na vida.

8.2.09

Liebesleben

é um dramalhão, que se vai desvendando à medida que Ya'hara se enreda em jogos eróticos com um velho amigo dos pais. Passa-se em Israel, a realizadora é alemã.

"O amor nao cega, abre os olhos"

7.2.09

Quando a arte aproxima

O primeiro iraniano que conheci foi o Daniel, aquele meu colega de trabalho que deixou os colegas invejosos para trás e foi à vida dele, estudar medicina. Grande Daniel. Mas o Daniel não gostava de falar do Irão e nunca se alargava muito, principalmente se estivessem outras pessoas. Talvez tenha passado uns maus bocados por vir de onde vem.

Uma vez perguntei-lhe pela Satrapi. Não conhecia. Como os livros cá de casa são em Francês, não insisti muito em emprestar-lhos. Também não sei se seria sensível impingir-lhos. Há diferenças culturais ou mesmo biográficas que se devem respeitar. Por muito que eu ache que Satrapi seja muito giro e muito cool e tal, talvez o Daniel até a ache uma parva burguesa cujos papás ricos mandaram estudar para a Europa e que agora está rica às custas de contar como é a vida lá no país dos pobrezinhos. Não insisti mais com este assunto.

Ontem, em casa de um amigo conheci a Ara, também iraniana. Perguntei-lhe então também a ela pela Satrapi. Um bocado a medo, de uma maneira neutra... E os olhos dela brilharam! Que giro eu também conhecer, e como tinha ouvido falar, que a descobriu depois de vir, que no Irão é impossível encontrar, que anda à procura de mais livros, se eu sei de outros, e como se identificou com a história, que a tocou tanto que até chorou a ler, principalmente a parte da guerra... - e aí os olhos pararam de brilhar: a guerra, muito difícil. Parámos de falar por um momento, eu achei que o melhor seria esperar por ela. E depois continuou, que sim que a Satrapi tinha ganho bom dinheiro à custa das histórias do Irão, e agora ainda mais com o filme, mas que é apenas a história vista por ela, sem pretensões, e que está muito bem feito, que é mesmo assim, que também leu o embroideries, que adorou, etc etc

Duas pessoas, eu e ela, vimos de dois extremos geográficos, encontramo-nos no meio, e cria-se uma empatia por causa de uma banda desenhada. Acho que ficámos ambas maravilhadas uma com a outra. Ou talvez tenha sido só eu.

5.2.09

Happy-go-lucky

Viva o clube de vídeo de Arheilgen! Já tinha quase perdido a esperanca, mas valeu a pena ir perguntando.

Poppy (Sally Hawkins) é uma professora primária londrina, 30 anos. Leve e jovial, leva a vida com humor e vê sempre o lado bom, o copo meio cheio. A personagem vai-se tornando cada vez mais interessante à medida que nos vamos embrenhando na vida de Poppy e principalmente através da maneira como se relaciona com os outros. Os pontos altos sao as aulas de conducao com um instrutor perturbado, racista e associal, que se irrita mas ao mesmo tempo fica perturbado com a maneira de ser de Poppy, deslumbrado com a sua liberdade.
Prémio de melhor actriz do festival de cinema de Berlim.

Sinais

Quando de manha a caminho do trabalho tenho a impressao que um bando enorme de pássaros excitados acabou de chegar ao meu bairro

e

tenho que deixar a bicicleta longíssimo da entrada,

sei que a Primavera já nao está longe...