24.6.09
"Quando a gente é pequena, só o dinheiro faz horizontes se abrirem."
Pepetela, O Planalto e a Estepe.
20.6.09
Obras em Arheilgen
Vivo na rua principal de um bairro fora do centro, a norte de Darmstadt. Um bairro antigo e envelhecido, embora nos últimos anos muita gente nova tenha vindo viver para uns prédios novos que construíram na periferia. A minha senhoria, por exemplo, vive nesta casa onde estou desde que nasceu e antes dela viveram os pais e os avós.
Hoje voltei a ter eléctrico à porta, depois de dois anos de obras e pó para aumentarem a linha do eléctrico e já agora termos passeios novos e mais largos, árvores, carris silenciosos e, esperemos, menos transito. Quando fui ao pao, vi o cortejo de inauguracao: eléctricos antigos seguidos de um dos novos, todo brilhante. Dos antigos, um até era a vapor. E nós de Arheilgen saímos à rua, uns de propósito, outros a caminho do pao, e vimos o cortejo passar. Tiraram fotografias, juntaram-se à conversa, na padaria queixaram-se do muito que lhes custou.
E têm razoes de queixa: parte da obra é paga pelos moradores da rua onde o eléctrico passa! A continha será apresentada no fim de concluídos os trabalhos, consoante a área de terreno de cada morador. Pelo que ouvi, à volta de 10.000 euros. E quem nao tem dinheiro para pagar? Ah, nao há problema, faz um crédito, hipoteca a casa, ou vende. E nao há cá mais conversas. Eu nao consigo perceber isto, e muito menos quando os moradores das ruas à volta, que aproveitam a ligacao de eléctrico tanto como os da rua principal, sem o inconveniente do barulho, esses nao pagam nada. Entao uma obra destas, que serve indiscutivelmente toda a comunidade, nao deveria ser paga por todos?
Hoje voltei a ter eléctrico à porta, depois de dois anos de obras e pó para aumentarem a linha do eléctrico e já agora termos passeios novos e mais largos, árvores, carris silenciosos e, esperemos, menos transito. Quando fui ao pao, vi o cortejo de inauguracao: eléctricos antigos seguidos de um dos novos, todo brilhante. Dos antigos, um até era a vapor. E nós de Arheilgen saímos à rua, uns de propósito, outros a caminho do pao, e vimos o cortejo passar. Tiraram fotografias, juntaram-se à conversa, na padaria queixaram-se do muito que lhes custou.
E têm razoes de queixa: parte da obra é paga pelos moradores da rua onde o eléctrico passa! A continha será apresentada no fim de concluídos os trabalhos, consoante a área de terreno de cada morador. Pelo que ouvi, à volta de 10.000 euros. E quem nao tem dinheiro para pagar? Ah, nao há problema, faz um crédito, hipoteca a casa, ou vende. E nao há cá mais conversas. Eu nao consigo perceber isto, e muito menos quando os moradores das ruas à volta, que aproveitam a ligacao de eléctrico tanto como os da rua principal, sem o inconveniente do barulho, esses nao pagam nada. Entao uma obra destas, que serve indiscutivelmente toda a comunidade, nao deveria ser paga por todos?
9.6.09
C A L M A
vem de "com alma".
Stephan Doitschinoff, paulista, representa a mistura que é o Brasil. Folclore e cultura urbana, símbolos cristaos e pagaos.
Foi a Teresinha que mo ofereceu, nao haveria melhor presente. Vejam o filme e mais aqui.
Stephan Doitschinoff, paulista, representa a mistura que é o Brasil. Folclore e cultura urbana, símbolos cristaos e pagaos.
Foi a Teresinha que mo ofereceu, nao haveria melhor presente. Vejam o filme e mais aqui.
TEMPORAL : The Art of Stephan Doitschinoff (aka Calma) from Jonathan LeVine Gallery on Vimeo.
7.6.09
Couscous faz servico cívico - impressoes
Ocupei a mesa de voto 460 de Arheilgen. Além das europeias, em Darmstadt também se votou para um referendo sobre a construccao ou nao de um túnel através do centro da cidade que supostamente tiraria o tráfego das zonas de habitacao. Talvez por isso, tivémos 50% de votantes na minha mesa. O mais giro foi estar ali, ver os meus vizinhos desfilar, e gozar as reaccoes.
A minha colega da esquerda avisou-me logo: as pessoas em Arheilgen sao muito conservadoras, aqui ganha o CDU (partido conservador católico! - nao confundir com "nossa" CDU). Fiquei avisada. E nao se enganou, mas na contagem geral de Darmstadt foram os Grünen (verdes) que ficaram à frente. O melhor foi quando ela comecou a discutir sobre a razao de (nao) ser do túnel referendado com um senhor que tinha acabado de votar. Ainda olhou para mim a meio da conversa, à procura de aprovacao, e eu assobiei baixinho.
Mas os highlights do dia devo-os à colega da direita. Comadre fofoqueira, explicou-me que vinha para a mesa porque para estar sentada em casa preferia estar ali. Tinha a posicao de poder: de lista na mao, fazia as cruzinhas e dizia às pessoas Jetzt dürfen Sie, e gozava aquele poder com prazer que nao escondia. E quando as pessoas desapareciam ía a correr inspeccionar os cartoes e tecia os seus comentários: Nao sabia que este era doutor, Olha esta veio sem o marido, Onde estao os pais deste que ainda nao vieram,... Também percebi que nao gostava de estrangeiros. Cada vez que aparecia alguém de ar pouco "ariano", mexia-se muito na cadeira e quando eles desapareciam tratava-os por Ausländer. A certa altura, depois de uma senhora de véu ter votado disse Há muita gente desconhecida a vir votar. Ao que eu respondi Olhe, para mim, sao todos desconhecidos!
Depois havia os papistas em último grau: ralhavam de cada vez que um casal de idade comecava a discutir o voto por detrás da cabine (ternurento, na minha opiniao) ou que uma mae ou pai levava uma filha ou filho com eles para os verem votar (bonito, na minha opiniao, lembro-me de ir com a minha mae e de sentir que era uma coisa importante).
A minha colega da esquerda avisou-me logo: as pessoas em Arheilgen sao muito conservadoras, aqui ganha o CDU (partido conservador católico! - nao confundir com "nossa" CDU). Fiquei avisada. E nao se enganou, mas na contagem geral de Darmstadt foram os Grünen (verdes) que ficaram à frente. O melhor foi quando ela comecou a discutir sobre a razao de (nao) ser do túnel referendado com um senhor que tinha acabado de votar. Ainda olhou para mim a meio da conversa, à procura de aprovacao, e eu assobiei baixinho.
Mas os highlights do dia devo-os à colega da direita. Comadre fofoqueira, explicou-me que vinha para a mesa porque para estar sentada em casa preferia estar ali. Tinha a posicao de poder: de lista na mao, fazia as cruzinhas e dizia às pessoas Jetzt dürfen Sie, e gozava aquele poder com prazer que nao escondia. E quando as pessoas desapareciam ía a correr inspeccionar os cartoes e tecia os seus comentários: Nao sabia que este era doutor, Olha esta veio sem o marido, Onde estao os pais deste que ainda nao vieram,... Também percebi que nao gostava de estrangeiros. Cada vez que aparecia alguém de ar pouco "ariano", mexia-se muito na cadeira e quando eles desapareciam tratava-os por Ausländer. A certa altura, depois de uma senhora de véu ter votado disse Há muita gente desconhecida a vir votar. Ao que eu respondi Olhe, para mim, sao todos desconhecidos!
Depois havia os papistas em último grau: ralhavam de cada vez que um casal de idade comecava a discutir o voto por detrás da cabine (ternurento, na minha opiniao) ou que uma mae ou pai levava uma filha ou filho com eles para os verem votar (bonito, na minha opiniao, lembro-me de ir com a minha mae e de sentir que era uma coisa importante).
5.6.09
Trippy hop
Vou correr, para o campo. Sem música. Oiço a erva seca. E os apanhadores de espargos, que nao sao alemaes. Suo e produzo endorfinas: duas coisas boas.
Volto e ponho a tocar um CD que um amigo me gravou. Tem escrito no CD, em letra de mau aluno, "trippy hop". Nao sei o que é. Transporta-me para lounges à beira-mar e copos de martini com uma azeitona.
Bebo água e vejo, pela janela, o senhorio. Corta a relva de cuecas e t-shirt.
Na vida, os pequenos prazeres devem ser reaprendidos tantas vezes quantas for preciso.
Volto e ponho a tocar um CD que um amigo me gravou. Tem escrito no CD, em letra de mau aluno, "trippy hop". Nao sei o que é. Transporta-me para lounges à beira-mar e copos de martini com uma azeitona.
Bebo água e vejo, pela janela, o senhorio. Corta a relva de cuecas e t-shirt.
Na vida, os pequenos prazeres devem ser reaprendidos tantas vezes quantas for preciso.
3.6.09
Atitude
"I'm often asked in interviews what I look for when I'm out shooting.
I reply that I just try to keep my mind open so I can see what I'm not expecting."
The Sartorialist
I reply that I just try to keep my mind open so I can see what I'm not expecting."
The Sartorialist
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