10.7.10

7.7.10

três Marias

Photo Martin Brorder
A religiao nao é um assunto secundário. O nosso anfitriao nas montanhas do norte da Albânia perguntou-nos a nossa religiao logo a seguir a perguntar os nossos nomes e antes de nos abrir o pequeno portao para o seu terreno. Aqui estamos 3 Marias: uma grande, uma pequena e uma milagrosa que ela trazia ao peito. A Maria pequena já danca com as ancas e movimentos graciosos dos pés e das maos.

Em viagem com um fotógrafo de rua

Uma vez vi umas fotos de uma conhecida no facebook e pensei "quero ir ali!". Eram fotos da Albania e parecia o Portugal profundo parado no tempo. Como depois li no lonely planet - onde oico sempre uma voz com sotaque australiano/americano -, qualquer coisa como "something completely new and at the same time very old". Um convite para um casamento na Bulgaria e o conceito da viagem comecou por ser "do Mar Negro ao Mediterrâneo". Rapidamente trocámos o Mar Negro por mais do interior e da Albânia. Uma ideia básica de itinerário, uma viagem de ida, mochila, sem reservas e acima de tudo sem datas marcadas. Quase sempre, o objectivo foi o caminho e a estratégia sair de manha cedo para conseguir chegar a qualquer sítio antes de cair a noite. Perfeito. Ninguém espera por nós em lado nenhum, "estamos bem, ficamos". Importante: água, pao, uma lata de sardinhas, um tomate e um pepino. Uma das vezes as sardinhas eram portuguesas! Na Bulgária, as pessoas sao hospitaleiras como eu nunca tinha visto. Em geral e sem surpresa, estes países sao uma mistura de culturas, religioes e modos de vida interessantíssima. Por todo o lado uma mistura e História semelhante, mesmo assim identidades nacionais ou regionais muito fortes e por vezes incompreensíveis. Invariavelmente perguntaram-nos com um ar céptico como sao as coisas no outro país: impossível, a comida nao pode ser tao boa e as pessoas nao podem ser tao simpáticas.

Primeiro vieram os povos eslavos, do norte (onde agora é a Ucrania) atravessaram o Danúbio e desceram pelos Balcans. Na Albânia, os Ilírios mantiveram a sua língua e a sua cultura. A Albânia é o país étnicamente mais homogéneo dos Balcans e a língua albanesa - descendente da língua ilíria - um single-case na Europa. Mais tarde os Romanos e a separacao do Império Romano divide os Balcans, ortodoxos e católicos. Com o Império Romano enfraquecido, sobem os Turcos para 500 anos de soberania otomana nos Balcans. Mesquitas, burek, ayran. O resultado só pode ser uma regiao fervilhante. Sangue quente, tensoes, invejas, rivalidades, ofensas, sentimentos contraditórios e muitos estereótipos.

Todos nos avisaram para nao ir à Albânia. Um país fechado muitos anos por um regime comunista sem ligacoes à Russia, nem a Tito e mais tarde nem à China, um plano militar autónomo que levou aos planos de construcao de um bunker por cada 4 albaneses, hoje em dia há bunkers por todo o lado. Ninguém entra nem sai, o país é agrícola, sem estradas, sem comunicacao, sem lixo - 100% reciclagem. O regime nao dispunha carros para pessoas que nao fossem membros do partido. Isto resulta numa sociedade fechada que conservou cultura e modos de vida, os que se safaram à revolucao cultural do regime comunista. Um país em mudanca muito rápida, grandes fans dos croissants industriais embalados 7-days: um croissant custa 3 vezes menos que um snack tradicional e imagino que seja muito mais fixe... a embalagem atira-se pela janela.

Banquinhos de Fátima na Albânia

Photo Martin Brorder

Na Albânia ninguém precisa de ir em pé no autocarro. Quando já nao há lugares nos bancos regulares, aparecem banquinhos no corredor.